Succession: 3ª temporada volta mais engraçada, real e perversa do que nunca

A família mais odiada das plataformas de streaming está de volta. Logan (Brian Cox), Kendall (Jeremy Strong), Shiv (Sarah Snook), Roman (Kieran Culkin) e Connor Roy (Alan Ruck) retornam para a terceira temporada de Succession piores do que nunca.
Os episódios inéditos da série, que começam a serem transmitidos, neste domingo (17/10), na HBO e na HBO Max, mostram um lado mais perverso dos personagens.
A série retoma após Kendall denunciar a jornalistas que seu pai, Logan, tinha conhecimento sobre os casos de assédio sexual que aconteciam na empresa da família, a Waystar Royco.
A terceira temporada gira em torno da disputa entre Logan e Kendall pelo poder do grupo de comunicação. Pai e filho brigam para conquistar aliados entre os acionistas e também pelo apoio da família.
Os nove episódios chegam com muita expectativa, após uma segunda temporada sensacional. Mas a verdade é: a nova fase da série demora para engatar. Os melhores momentos dos dois capítulos iniciais, por exemplo, estão todos presentes no trailer. Novas tramas e personagens só começam a aparecer lá pelo quarto episódio.
Os enredos inéditos criados por Jesse Armstrong se passam ainda, em grande parte, no escritório ou em hotéis. A trama se garante nos diálogos ricos e bem construídos, mas há pouca movimentação e ação. Os cenários paradisíacos e as festas luxosas, tão presentes nas temporadas anteriores, aparecem em poucos episódios — a mudança de cenário e de dinâmicas fazem falta.
Mas o roteiro e atuação do elenco continuam espetaculares. Com várias doses de humor, os escritores brilhantemente mostram como os empresários estão usando o discurso do movimento feminista para simular mudanças nas culturas coorporativas. Mas na realidade, nenhum deles acreditam (ou se importam) que existam problemas na forma como seus funcionários são geridos. As poucas mulheres presentes na cúpula da Waystar Royco, por exemplo, são usadas na linha de frente da crise apenas por ser bom marketing.
Kendall e Logan também representam duas gerações de bilionários egocêntricos. O pai não se importa com nenhuma pauta ética e nem finge. O filho usa todas as palavras adequadas para debater a igualdade de gênero, mas ele de fato pouco liga para um ambiente de trabalho equalitário. O herdeiro da Waystar Royco não quer mudanças verdadeiras, ele só quer aparecer bem nas redes sociais. A série faz uma bela caricatura da “elite” econômica americana.
Succession continua inteligente e está mais engraçada do que nunca. Mas a série é cruel ao mostrar que as pessoas em posições de poder pensam exatamente como a família Roy e seus associados.